Humanidades e ciência: uma leitura a partir da Bioética de Van Rensselaer (V. R.) Potter

Texto: Prof. Dr. Diego Carlos Zanella / docente e coordenador do Mestrado em Ensino de Humanidades e Linguagens da UFN

                    

Em 2020/2021 a bioética completa os seus primeiros 50 anos. O termo foi criado em 1970/1971 por Van Rensselaer Potter (1911-2001) para caracterizar uma preocupação crescente com o progresso e desenvolvimento científico.

Foi com a preocupação do avanço da ciência, em geral e em todas as áreas, avaliando se é benéfico ou se pode ser nocivo ao ser humano e à natureza, que Potter criou o neologismo 'bioética', percebendo o afastamento das humanidades e das ciências. A bioética seria, então, uma área de conexão entre as humanidades e as ciências, isto é, entre os valores humanos e os valores científicos, ou mais especificamente, entre a ética e a biologia. Desta forma, a bioética foi se constituindo em um campo específico de investigação na interseção da ética com as ciências da vida e da saúde, mas também com a biologia e com os estudos ambientais.

De forma limitada, a bioética é simplesmente um novo campo que emergiu em face das grandes mudanças científicas e tecnológicas. Mas, se compreendida de forma abrangente, a bioética se espalhou por todo o mundo e modificou áreas de estudo muito mais antigas.

Em resumo, a bioética é uma área que oscila dos angustiantes problemas particulares e individuais dos contextos clínicos e hospitalares às difíceis escolhas públicas e sociais enfrentadas pelos cidadãos e legisladores, à medida em que eles tentam conceber o acesso equitativo aos tratamentos de saúde e as políticas ambientais, por exemplo. Os problemas da bioética podem ser altamente individuais e pessoais - o que eu devo fazer aqui e agora? - e/ou altamente comunitários e políticos - o que devemos fazer juntos como cidadãos e seres humanos?

                 

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