18/10/2022
A pesquisa ‘Nanoemulsões contendo óleo essencial de Lavandula dentata: desenvolvimento e avaliação da irritação cutânea e da eficácia no tratamento da insônia’, considera utilizar o óleo essencial de lavanda aliado à nanotecnologia como um potencial terapêutico para o tratamento da insônia. Vinculada ao Programa de Pós-graduação em Nanociências (PPGNano) da Universidade Franciscana (UFN), a pesquisa propõe diferentes práticas desde o desenvolvimento de uma nova formulação até sua aplicação em voluntários.
O estudo esclarece que a composição química dos óleos essenciais, além de variar a partir da espécie, pode ser influenciada por condições sazonais e fatores ambientais, como o local de cultivo da planta e época de colheita. Para a garantia da qualidade e da atividade biológica desses óleos essenciais alguns fatores devem ser levados em consideração, dentre eles, a sua baixa solubilidade em água e fácil oxidação, desestabilizando em presença de luz e altas temperaturas. Respectivas limitações podem ser contornadas empregando-se a nanotecnologia.
O projeto, previamente aprovado pelo Comitê de Ética, propõe a utilização de uma nanoformulação com o intuito de garantir a eficácia usando pouca quantidade do óleo essencial de lavanda. Este óleo essencial já é utilizado e conhecido devido a sua ação hipnótica, e sua inalação aumenta a atividade de ondas alfa, associadas ao relaxamento. O desenvolvimento prático do trabalho se iniciou com a divulgação da proposta para um recrutamento de voluntários aptos com as condições de insônia e que se sentissem confortáveis com a experiência. Foram selecionados professores e alunos de diversas instituições de ensino superior de Santa Maria, maiores de 18 anos, que apresentassem dificuldades em dormir e não fizessem o uso de psicofármacos. Os mesmos foram divididos em cinco grupos onde seriam utilizadas diferentes técnicas de manipulação do óleo essencial, estando ele na forma livre ou associada a nanoestrutura.
Todos os grupos receberam frascos para a aromaterapia, para ser utilizado em casa antes de dormir durante 30 dias. Alguns grupos receberam além da aromaterapia sessões de massagem com o óleo essencial, realizadas na UFN duas vezes na semana durante 4 semanas. Um dos grupos recebeu apenas uma fragrância (placebo), sem conter o óleo essencial de lavanda. A massagem, que ajuda na absorção dos óleos essenciais, foi proporcionada a partir de uma parceria com os acadêmicos do curso de Fisioterapia e realizada nos Laboratórios de Ensino Prático da Graduação. O projeto também contou com o envolvimento do Grupo de Pesquisas em Sistemas Nanoestruturados (GPSNano) para o desenvolvimento das formulações.
Após concluir três das quatro fases de estudo, o resultado parcial obtido a partir da verificação sobre o potencial irritante e o efeito terapêutico das nanoemulsões contendo o óleo essencial de Lavandula dentata sobre a insônia autorrelatada em adultos, foi de caráter positivo. A última etapa do trabalho está em andamento e irá contribuir para os resultados finais da pesquisa. A fim de obter uma melhora da qualidade de sono em quem faz seu uso via nasal, pela aromaterapia, os resultados foram potencializados quando combinado com a aplicação via tópica, através da massagem.
A análise começou a ser desenvolvida pela acadêmica Ruth Barin em seu Trabalho Final de Graduação (TFG), concluído no primeiro semestre de 2021. O projeto intitulado ‘Óleo essencial de lavanda associado à massagem com pedras quentes como forma de tratamento A do sono e ansiedade em mulheres no climatério: um ensaio clínico’, despertou interesse em seguir com o uso dos óleos essenciais em outras situações. A pesquisa sobre qualidade do sono, que contou com a orientação da docente do Programa de Pós-graduação em Nanociências, Aline Ferreira Ourique e co-orientação da professora Sheila Spohr Nedel, alia o emprego da Nanotecnologia às Práticas Integrativas e Complementares (PICs).
Texto: Gabriela de Flores Neto / Estagiária de Jornalismo
Imagem: Reprodução / UFNtv