26/10/2018
A cada minuto que passa as mulheres quebram mais barreiras. Seja na política, no esporte, dentro e fora de casa, e até mesmo atuando em áreas consideradas até então, dominadas por homens, como é o caso das engenheiras. A acadêmica Marília Schefer Roveda, que está no 6° semestre do Curso de Engenharia de Materiais da UFN, revela que seu maior desejo é poder trabalhar em um local onde ela seja conhecida e respeitada, e que não receba nenhum tipo de tratamento diferenciado por ser mulher.
Para ela, ninguém é melhor do que ninguém, todos possuem falhas, e o que difere uma pessoa da outra são suas escolhas, e a maneira como se trata ao próximo. A acadêmica Marília escolheu a profissão de engenheira por ser apaixonada por Fórmula 1, mas durante sua graduação em engenharia mecânica, percebeu que não era apenas o motor que constituía um carro.
“Essa mudança não foi uma desistência, e sim, uma melhora. Quando cheguei na UFN me senti um pouco assustada, e fiquei chocada com o tratamento que recebi. O coordenador do curso foi receptivo, atencioso e disposto comigo, assim como os professores, e eu estranhei muito, pois parecia que eu tinha vindo de uma caverna. Na UFN posso dizer que existe respeito, companheirismo e coleguismo”, ressaltou.
Marília ainda destaca que durante suas atividades no curso de engenharia, não percebe discursos machistas ou que menosprezam a capacidade da mulher.
“Somos incentivadas a sermos cada vez melhores, já que temos como dom natural o detalhamento e a percepção aguçada, e acredito que são essas as características que vão me destacar no mercado de trabalho, além das minhas capacidades e dedicação”.
Entre seus sonhos e esperanças, Marília almeja um ambiente de atuação e um mercado de trabalho que abrace cada vez mais a Engenharia de Materiais– que ainda é um curso novo, e entenda a sua importância, para que haja uma maior valorização do engenheiro de materiais, pois para a acadêmica, o curso e a profissão são tão abrangentes quanto às engenharias mais tradicionais, e tão necessários quanto.
“É uma questão de competência”
A única professora mulher do curso de Engenharia Química, e coordenadora da Engenharia de Materiais desde este semestre, Joana Lourenço, é esperançosa quanto ao futuro, e almeja por uma realidade em que as questões de gênero não mais existam.
“Acredito que tudo que eu e minhas colegas engenheiras conquistamos foi por nossa competência, de tu trabalhar bem, ter foco, construir um bom currículo, ter também uma boa relação com o aluno”, desabafa.
Filha de mãe matemática, Joana sempre gostou muito de cálculo, e por influência de um tio engenheiro, cresceu admirando a profissão, e por tudo que ela trouxe para a vida dele. Ela percebeu, ainda no ensino médio, que a engenharia proporciona muitas possibilidades de fazer e empreender, foi então que ela uniu suas paixões, as exatas e a prática, e formou-se em Engenharia Química.
Ela lembra que, em uma turma com mais de 25 homens, haviam apenas 5 mulheres, mas apesar da diferença, existia muito respeito. Logo após o mestrado Joana recebeu a oferta de atuar como docente, e descobriu como iria praticar a sua profissão: ensinando.
Docente há 4 anos na Universidade Franciscana, ela revela que apesar das indústrias ainda serem consideradas um ambiente mais masculinizado, devido a necessidade de mão de obra e trabalho pesado, as mulheres estão conquistando cada vez mais o poder de se fazerem presentes nesses espaços.
Joana também ressalta que em áreas como a indústria de alimentos e cosméticos, em contrapartida, existe uma maior participação feminina, e atribui essa característica ao perfil mais sensível da mulher.
Na Universidade Franciscana são ofertados quatro cursos de engenharia, sendo que a Engenharia Química, coordenada pelo professor Germano Possani, destaca-se como a turma com o maior número de mulheres dentro da Instituição. E também a Engenharia Ambiental e Sanitária, coordenada pela professora Noeli Julia Schüssler de Vasconcellos.
Apesar das diferenças em sala de aula, Joana revela que a relação das turmas é tranquila e harmônica. “Os homens costumam ser um pouco mais engraçados e extrovertidos, enquanto as mulheres são um pouco mais sérias, características que equilibram o ambiente”, pondera a professora.
Ela destaca que nesses espaços não há diferenciação de gênero. “Eu sempre falo aos meus alunos que estou trabalhando eles para o mercado de trabalho, porque no ambiente de estudos nós temos o mesmo carinho e cuidado com todos, independentemente dessa questão, nós lidamos com o aluno”, observa Joana.
Entrevistas e textos: Thayane Rodrigues – Estagiária Jornalismo
Edição: Assecom