25/10/2019
A Universidade Franciscana está presente, toda sexta-feira, na página Memória do Jornal Diário de Santa Maria. O espaço servirá como um disseminador de lembranças trazidas pela UFN, que terão relação com o desenvolvimento da cidade de Santa Maria. Os textos serão produzidos por integrantes da Universidade Franciscana.
Confira a edição de 25 de outubro, com texto escrito pela Pró-Reitora Acadêmica da UFN, Profa. Vanilde Bisognin.
Os caminhos da formação de professores de Matemática que percorremos hoje, em Santa Maria, tiveram início na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Imaculada Conceição, no ano de 1958. São mais de 60 anos de história a marcar a formação e atividade docente de muitos profissionais que participaram e participam do processo de desenvolvimento da Matemática.
Nesta longa caminhada, é importante registrar o papel desempenhado por esta instituição, hoje Universidade Franciscana, na história recente desta área e sua contribuição à formação de recursos humanos.
O desenvolvimento da Matemática, no Brasil, foi tardio e lento quando comparado com os países da Europa e do Oriente. Diplomas de bacharel e doutor em Matemática foram concedidos no país somente após a criação das Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras em São Paulo, em 1934 e no Rio de Janeiro, em 1939.
No Rio Grande do Sul, a Matemática, passou a ser estudada a partir da criação da Escola de Engenharia de Porto Alegre, em 1886, hoje Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS. Em Santa Maria o primeiro curso de formação de professores de Matemática teve origem na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Imaculada Conceição – FIC, criado em 1958, na modalidade licenciatura.
Na FIC, o curso de Matemática teve como pioneira a professora Maria Augusta Silveira Neto, Irmã Felicidade, como era conhecida. Sua característica marcante foi o incentivo aos jovens estudantes para que ampliassem sua formação em instituições de pesquisa do centro do país. Irmã Felicidade foi a grande responsável pela formação dos primeiros mestres e doutores em matemática que atuaram e atuam nos cursos da UFSM e da UFN, além de muitos outros que trabalham em instituições de ensino superior do país.
Nos caminhos trilhados pela Matemática em Santa Maria é importante destacar, também, o trabalho da professora Irma Peroni. Natural da Itália e Doutora em Geometria pela Universidade de Pádua, foi a primeira docente com o título de Doutor a atuar na cidade.
A professora iniciou seu trabalho na FIC, transferindo-se depois para o Curso de Matemática da UFSM com a criação do mesmo em 1966. Sua característica marcante como docente foi seu dinamismo, motivação para pesquisa, gosto pela geometria e sua preocupação com o rigor matemático.
Sob a liderança dessas professoras, novos docentes foram, aos poucos, sendo incorporados aos cursos da FIC e UFSM formando-se um grupo de referência para os alunos, pela competência profissional e pela postura ética. Muitos de seus ex-alunos são hoje professores responsáveis pela formação de recursos humanos que atuam em diferentes instituições de ensino básico e superior.
Além de professora do curso de Matemática da FIC, entre 1961 e 1966, Irma Peroni (foto acima) foi diretora do Colégio Estadual Manoel Ribas, de 1964 a 1966.
O atual estágio de desenvolvimento do ensino e da pesquisa em Matemática, em Santa Maria, é consequência do trabalho perseverante e dos caminhos delineados pelos primeiros mestres desses cursos, orientados pelas professoras Irmã Felicidade e Irma Peroni. No mês que comemoramos o dia do professor minha homenagem e respeito a todos os professores, que como elas, escrevem diariamente lindas histórias de amor à profissão de professor.
Irmã Felicidade nasceu em Tupanciretã e faleceu em outubro de 2012 em Santa Maria, aos 100 anos. Na foto ao lado, com a Irmã Iraní Rupolo em cerimônia de concessão do título Professor Honoris Causa entregue em 2001, pela valiosa contribuição prestada à educação e ao processo ensino-aprendizagem da matemática e áreas afins na comunidade Santa-mariense.
