18/10/2021
Com objetivos voltados à sustentabilidade e reciclagem de resíduos plásticos, uma pesquisa desenvolvida por docentes pesquisadores da Universidade Franciscana (UFN), projeta para 2021, a prática de ações com o foco no ensino em ciências para estudantes de Ensino Fundamental. A proposta é direcionada para crianças do 6º e 7º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Sra. do Perpétuo Socorro, em Santa Maria.
Com o nome de 'Ciência e tecnologia do plástico: um argumento para construção de espaços a educação básica', o projeto busca reforçar a magnitude da contribuição do plástico para a sociedade atual e o conhecimento, acerca da reflexão sobre o descarte e reaproveitamento do plástico, inspirado no projeto Precious Plastic. Metodologia realizada por meio da implementação de máquinas de reciclagem e de um ambiente pedagógico, potencializador no sistema de ensino.
Líder da pesquisa, professora do curso de Pedagogia da UFN, vinculada ao Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática e ao Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências e Matemática (GPECIM), Janilse Nunes explica que desde o princípio, buscou-se trabalhar a importância dos processos de ensino e aprendizagem, como transformadores para o desenvolvimento da aprendizagem coletiva: “Esse projeto passou por uma seleção em uma chamada do CNPQ, no programa ‘Ciência na Escola’. Após a aprovação, projetamos a montagem de máquinas de reciclagem de plástico, para integrar o Espaço Maker da instituição”.
O Espaço Maker é um ambiente interno à escola Perpétuo Socorro, que está em fase inicial de montagem, o qual possuirá ferramentas, bancadas e diferentes instrumentos que possam ser utilizados pelos professores, com finalidade de possibilitar a mobilização das turmas com a criação e a co-criação de diferentes materiais. Ele engloba a proposta como espaço viabilizador de uma educação sustentável, ao colaborar com o aprendizado por meio da prática. A professora também destaca a importância do ecossistema interdisciplinar na concretização do projeto de pesquisa, ao fazer referência à autonomia, trabalho e dedicação dos pesquisadores envolvidos no trabalho.
Professora do curso de Pedagogia da UFN, Ail Meirelles encarrega-se do campo interdisciplinar, bem como da contextualização da escola e do ensino e a aprendizagem do projeto. “Frente às perspectivas pedagógicas, visamos pautar a dimensão de formação docente, que perpassa ações formativas relacionadas aos processos de ensino de aprendizagem, com profissionais da educação básica, estudantes e comunidade local”. Ela explica que essas atividades ocorrem por meio de processos colaborativos, onde grupos de estudos estão em interlocução com educadores da UFN e comunidade da Escola Perpétuo Socorro. Ail, acrescenta que estas ações atingem temas relacionados a fundamentos conceituais e metodológicos sobre: meio ambiente, impactos ambientais, plástico, reciclagem, educação ambiental, sustentabilidade, educação empreendedora, metodologias ativas, ensino híbrido e planejamento interdisciplinar. “As ações projetadas e em desenvolvimento reafirmam a relevância social da pesquisa, de forma pró-ativa, inovadora e empreendedora, com vista à busca pela construção de uma sociedade sustentável”, concluiu.
Ligado ao setor de empreendedorismo junto à comunidade escolar, o professor do curso de Administração, pesquisador e coordenador do Ambiente de Inovação da UFN (ITEC), Lissandro Dalla Nora, explica que a associação entre o trabalho de reciclagem com o plástico e os âmbitos ambiental e sustentável, são margem para possibilitar uma fonte de renda à comunidade: “Optamos por elaborar um potencial sobre o empreendedorismo nessa comunidade, o qual parte da atuação no ecossistema de inovação da UFN, das ações da região central e pelo conhecimento do projeto Precious Plastic”. Segundo o professor Lissandro, o planejamento fez com que as ideias fossem associadas à construção das máquinas, para desenvolve-las junto ao programa, com a geração de novos negócios.
Inspirado no programa Precious Plastic, que unifica diferentes comunidades globais em prol da sustentabilidade, a fabricação das máquinas envolve uma parceria com empresas locais, para que a criação de dois equipamentos possa ser feita. Desse modo, ao invés do resíduo plástico ser descartado, o objetivo é encaminhá-lo para um mecanismo triturador (produzido a partir da iniciação científica) e posteriormente para uma máquina extrusora, para que diferentes materiais sejam moldados.
No processo de montagem dos aparelhos, há a participação do professor Diogo Topolski, do curso de Engenharia de Materiais da UFN. “Trabalhamos com a parte mais técnica, envolvendo os processos de separação e reciclagem de polímeros, assim como a parte de otimização dos quesitos do uso dos equipamentos que serão construídos”, destacou o professor Diogo. Segundo ele, após a montagem, as atenções passam a ser diante do trabalho com aos alunos, desde conceitos básicos sobre poliméricos, técnicas de separação e reconhecimento de resíduos plásticos. “Finalizaremos com o uso das máquinas e a criação de produtos que podem gerar uma maior renda do que a venda direta do material reciclado”, concluiu Topolski.
Sandra Peixoto, docente nos cursos de Engenharias e da pós-graduação em Ensino de Ciência e Matemática da UFN, ressalta a busca por um ensino de ciências diversificado, atrativo e que atenda as normas curriculares atuais, a partir do trabalho desenvolvido junto ao grupo de pesquisa do projeto, o qual faz parte. “Pensamos na proposta de um laboratório portátil, constituído por quatro Kits didáticos pedagógicos e instruções para as atividades práticas serem realizadas, de modo a explorar o tema ‘tecnologia do plástico’, em torno do Ensino de Ciências”, destacou a professora, referente aos trabalhos elaborados pelo grupo, constituído por docentes do Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática e dos cursos de Pedagogia, Engenharia de Materiais, Administração da UFN.
Segundo ela, o Laboratório Portátil fornecerá subsídios para a realização de aulas práticas e viabilizará a execução de experimentos específicos: “Cada kit é formado por reagentes, materiais e equipamentos distintos, que envolvem situações isoladas para que o aluno tenha uma experiência real sobre determinado assunto estudado. As funções de cada kit são: filtração da água; promover conhecimento sobre as características dos tipos de termoplásticos e o reaproveitamento de materiais; testagem da densidade do plástico em diferentes soluções; e produção de artefatos com o uso de materiais sintéticos e resinas”.
Além dos professores, o projeto conta com a participação de estudantes bolsistas. Entre eles, estão: Makir David Riva (com supervisão do professor Lissandro), Widrian Gabriel Panzenhagen (com supervisão da professora Sandra) e a estudante Bruna de Pietro Zorzi da pós-graduação, vinculada ao programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Matemática, que desenvolve sua dissertação sobre Meio Ambiente e Plástico. Colaboram, igualmente, para os estudos da proposta, acadêmicos voluntários da instituição e com isso fica também o convite para mais estudantes de graduação e pós-graduação agregarem a pesquisa.
Texto e Fotos: Gianmarco de Vargas / Estagiário de Jornalismo
